sábado, 19 de janeiro de 2013

Não



E lá está. Sei que quero, sei que não devo. Pelo menos agora. Porque não agora? E se fosse só agora? Se ninguém souber não tem problema. Eu vou saber, mas também sei que vai ser só agora.

Nem parece uma coisa indispensável. Ah, francamente, eu posso resistir. Nem vai ser tão bom assim. E ele nem parece mais tão gostoso. Tá, mas ainda é gostoso...

Mas não faz mal. E eu quero. Não tenho nada a perder. É só agora mesmo, eu me prometo. Prometido, pronto! 

É, como eu imaginava, foi bom e inofensivo. Não custa nada repetir. Eu sei que não sou mais escrava disso. Agora eu já sei que, se eu quiser, eu posso resistir. Claro que sei dizer não. É só que não acho que esse seja o momento de dizer não. Afinal, eu quero, não quero? Já estou crescidinha.

E, então, a culpa. Estou treinando a todo segundo a resposta que tenho para você. E agora nem consigo mais imaginar esse momento. Limpo as mãos e a boca. Como vai ser quando for você? 

Teu gosto é melhor que biscoito de amendoim.


terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Como (não) conquistar um homem




Técnicas para pessoas completamente desprovidas de discernimento na arte da paquera


- Eu queria te contar uma coisa.

- O quê?

- Ah, tu meio que já sabe...

- Hm.

- É que tô na tua, eu gosto de ti.

- ...

- Quer dizer, não gosto. Assim, não amo. Não que eu não pudesse amar. Mas é que esse papo de amor é meio freak. Nóssa, esse papo de gostar também é, né?

- Cara...

- Não, eu tô te falando isso porque eu não quero que tu pense que eu sou fácil. Não sou. Quer dizer, acho essa história de ser fácil um saco. Na real, ficaria contigo desde o primeiro dia em que te vi. Mas não tô com papo de amor à primeira vista. Nem acho que isso foi recíproco. E não significa que a gente tem que casar. Nóssaa, falei a palavra com C. É agora que tu sai correndo?

- Érr...

- Não, eu não tô conseguindo dizer o que eu quero! Quero dizer que eu quero ficar contigo, transar e tudo mais. Que eu te acho muito interessante e tenho certeza que vai ser bom. Quero dizer, espero que seja. Acho que tu deve ter a minha pegada. Blé, enfim. É que eu queria ficar contigo mais vezes. Mas, nãooo... não quero nada sério, eu saco toda a situação. Acho que saco a tua vibe, solteiro e tal. Que merda! É só que eu não gosto de não saber o que vai rolar depois...

- Cara, relaxa...

- Tá, acho que eu preciso, né? Desculpa por falar tudo isso. A gente se vê amanhã!

- Tá certo. Eu te ligo.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Te pego pra criar



Você e essa cara de criança. Cara de criança que não é mais e que talvez nunca tenha sido. Você e esses olhos lacrimejantes que me fazem ter vontade de segurar tua cabeça com as duas mãos. Tudo vai ficar bem.

Você e seus poucos livros. E a garota que te emprestou aqueles dois que a gente combinou de ler ao mesmo tempo à distância. Sabe, menino, se eu te encontro, eu te trago para casa e te coloco na frente da minha estante.

E tiro cada peça de roupa tua bem devagar. Te deixo nu na frente da minha estante. E, então, te mostro todos os meus livros.

Esse eu li aos 15 anos. Aquele, aos 16. Esse eu ganhei do meu ex. E esse eu peguei emprestado e nunca devolvi. Aquele foi o da última semana. 

Agora eu estou lendo esse. Deita na minha cama que eu quero ler para você. Esquece que a minha voz não é tão bonita. Vamos ficar assim: eu, você e todos esses livros que quero te mostrar.

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